Morte de operário põe em xeque segurança do Estaleiro Atlântico Sul


da Redação do TP

O montador Jaelson Ribeiro de Souza, 47 anos, a vítima de acidente no Estaleiro Atlântico Sul, em Ipojuca (PE), que lhe custou a vida na manhã desta sexta-feira, 21, estava desempenhando uma função para a qual não havia sido treinado no momento do acidente. Também estava sem o guarda-corpo, que serve para proteger de quedas, e sem cinto de segurança. A grave denúncia é do diretor de saúde do Sindicato dos Metalúrgicos de Pernambuco (Sindmetal), Sérgio Paulo da Silva.

Apesar de não ter sido autorizado a acompanhar o trabalho de três fiscais da Superintendência Regional do Trabalho (SRT), o representante do sindicato ouviu vários colegas de Jaelson e ainda acrescentou que os trabalhadores do estaleiro estão executando as tarefas sob pressão, o que facilita a ocorrência de acidentes. O estaleiro preferiu não comentar acusações feitas pelo sindicalista.
A assessoria de Imprensa do Ministério do Trabalho informou que o espaço onde aconteceu o acidente foi interditado porque tem um buraco e ele só deve ser liberado depois que for feito o conserto. A administração do estaleiro deverá solicitar uma nova vistoria ao órgão fiscalizador.

Em nota, a empresa lamentou o falecimento do seu funcionário e informou que imediatamente, uma equipe médica de emergência do EAS, com ambulância própria, já estava no local. O operário recebeu os primeiros socorros, mas veio a falecer.

Funcionários do EAS, que pediram para não ser identificados, contestam a empresa, afirmando que o Jaelson teria morrido na hora do forte impacto, que teria “esfacelado” seu corpo, inclusive expondo a massa encefálica, com o rompimento do crânio.

De acordo com informações da empresa, Jaelson trabalhava nesta sexta-feira, 21, por volta das 8h30, na gaiuta da embarcação – a base da chaminé do navio João Cândido, quando teria tombado numa abertura do piso e despencado de uma altura de aproximadamente 15 metros.

O navio só será liberado quando a empresa corrigir as irregularidades, de acordo com a chefe do setor de segurança e saúde do trabalhador da SRT, Simone Holmes.

Ela acrescentou que a equipe de fiscais vai elaborar, em até 30 dias, um relatório com os problemas encontrados no local e entregá-lo ao Ministério Público do Trabalho (MPT), ao Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) e à família do funcionário. Se a empresa for responsabilizada, poderá receber multa com valor a definir.

Testemunhas prestarão depoimentos na terça-feira, 25, na Delegacia de Ipojuca.

Familiares de Jaelson disseram que o corpo deve chegar do IML por volta das 11h ou meio-dia. O caixão com o corpo do operário será velado na Igreja Remanescente, no bairro de São Francisco, no Cabo de Santo Agostinho e deverá ser enterrado às 16h, no cemitério São José, no centro da cidade.

O montador deixa esposa e um filho, que também é funcionário do EAS como montador nível 1 e que na hora do acidente estava num parte interna do navio a pouco mais de 15 metros de distância.

“Eu não sabia que era o meu pai que tinha caído e morrido em baixo do bloco onde eu estava”, relatou Manoel Medeiros Neto, de 23 anos, visivelmente abatido e com olhar lagrimejante, ao lembrar do acidente.

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